Camilo Lourenço
Rosalina Quitério vivia há anos com pedras na vesícula. Há pouco tempo pediu uma consulta da especialidade, via Serviço Nacional de Saúde.
Resposta: teria vaga, mas só em Agosto. O "desabafo" chegou-me há algumas semanas e ontem, quando investigava o assunto, dei de caras com um estudo do Observatório da Saúde. Que parece confirmar o caso de Rosalina (entretanto operada, via seguro de saúde, num hospital privado): o tempo médio de espera por uma consulta de especialidade é de 362 dias. O mesmo estudo diz que no Hospital de Santarém uma consulta de ginecologia é brindada com 1.321 dias de espera e que no Hospital de Portimão quem precisar de consulta de cardiologia aguarda 1.281 dias.
As conclusões do estudo estão correctas? A ARS do Norte e o responsável do Hospital de São João contestam. Quem tem razão? É difícil dizer, porque, como refere quem conhece o sector, não há estatísticas fiáveis sobre o SNS. Mas por mais que os profissionais do sector refilem, é difícil desvalorizar o estudo (a história contada acima é real…). Razão para deixar três perguntas: 1 - Como se reforma o SNS se não há estatísticas de confiança? 2 - Porque é que os vários ministros da Saúde não deram prioridade a esta questão? 3 - E os dirigentes do SNS não têm soluções para o problema (se calhar os lóbis têm força…)? Como é que alguns políticos, conhecendo a situação, passaram a campanha eleitoral a contar maravilhas do SNS? Independentemente da polémica e do "blame game" (em Portugal a culpa morre solteira), uma coisa é certa: um Estado que gasta cerca de 10% do PIB com a Saúde (estamos à frente de países desenvolvidos nesta matéria…) não pode ter coisas destas.
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