Ferreira Fernandes
Entre tantas Joanas e Martas, qual a probabilidade de duas Assunções surgirem, no mesmo dia, no top político? Uma assumindo um Ministério para mãos calejadas, outra subindo a um posto até ontem inédito em mulher portuguesa. Assunção, e logo duas, depois da mudança política causada pela assunção da dívida ao estrangeiro. Assunção Cristas, reparo eu por ser da mesma cidade, chamada naturalmente assim porque nasceu em São Paulo da Assunção de Luanda, velho nome da capital angolana. Assunção Esteves, também a bem chamada porque se elevou a uma dignidade superior, como Nossa Senhora aos céus no dogma católico. Nesta, a assunção é considerada um milagre, celebrado em feriado nacional a 15 de Agosto. No Parlamento português, onde as mulheres são minoritárias em todos os grandes grupos políticos, milagre é também acontecer uma mulher na presidência. Desde ontem passou a haver - no mais alto posto de uma portuguesa na República. Olhando e ouvindo Assunção Esteves até apetece que Cavaco Silva bata todas os recordes viageiros de Presidentes, para que tenhamos mais dias sob a tutela dela, elegante e inteligente, de mais alta figura do protocolo de Estado. Ontem, ela lembrou o Quixote: "Os lugares verdadeiramente são definidos pelas pessoas e não as pessoas pelos lugares." Mas acrescentou com o seu belo sorriso: "Eu não venho aqui conformar nenhum lugar..." Modéstia a dela, aquele lugar passou a estar conformado por ela.
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