O novo governo tem três estrelas (Vítor Gaspar, Paulo Macedo e Portas). Tem mais dois “independentes” que apenas se notabilizaram no comentário ácido ao anterior governo, estando por provar os seus méritos reformistas.
Os restantes seis têm âncora partidária e alguma experiência política. Cumprirão satisfatoriamente.
Mas a verdadeira estratégia da governação passará pelas Finanças e pela Saúde, onde as escolhas foram essenciais para o controlo da despesa. Vítor Gaspar é um nome indiscutível, a nível interno e externo. Paulo Macedo será um grande ministro da Saúde, capaz de gerir com delicadeza recursos humanos e financeiros. A estratégia da contenção tem dois problemas adicionais, educação e segurança social. No primeiro caso o novo ministro passou o ciclo anterior a aliar-se de forma implícita às corporações. Como vai ser agora? Com a segurança social entregue ao CDS/PP serão detidas as tendências centrífugas facilitadas por receitas sempre elásticas?
Depois temos a questão da Justiça, a mais difícil de todas. A ministra tem para já que resolver com dignidade o caso do "copianço" dos candidatos à magistratura. Se falhar, nunca mais controlará o ministério. Se talhar a direito, teremos ministra.
O processo de formação do governo foi correcto e eficaz. O Presidente também ajudou. Passos Coelho tem feito declarações sensatas, à excepção do desejo manifestado de ir mais além que o Memorando. Francamente aí não se percebe o alcance real, admitindo-se que tenha sido para os mercados verem, respondendo eles com olímpica indiferença. Para quê sangrar-se em saúde?
A partir de amanhã o governo terá que ter uma só missão. Tem a vida facilitada pelo PS que não estará recomposto antes do fim das férias; pelo Bloco, ainda a lamber feridas e pelo PC, no registo habitual. Que aproveite a bonança.
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António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu
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