sexta-feira, junho 17

Serviço Nacional de Saúde?

Camilo Lourenço


Rosalina Quitério vivia há anos com pedras na vesícula. Há pouco tempo pediu uma consulta da especialidade, via Serviço Nacional de Saúde.

Resposta: teria vaga, mas só em Agosto. O "desabafo" chegou-me há algumas semanas e ontem, quando investigava o assunto, dei de caras com um estudo do Observatório da Saúde. Que parece confirmar o caso de Rosalina (entretanto operada, via seguro de saúde, num hospital privado): o tempo médio de espera por uma consulta de especialidade é de 362 dias. O mesmo estudo diz que no Hospital de Santarém uma consulta de ginecologia é brindada com 1.321 dias de espera e que no Hospital de Portimão quem precisar de consulta de cardiologia aguarda 1.281 dias. 

As conclusões do estudo estão correctas? A ARS do Norte e o responsável do Hospital de São João contestam. Quem tem razão? É difícil dizer, porque, como refere quem conhece o sector, não há estatísticas fiáveis sobre o SNS. Mas por mais que os profissionais do sector refilem, é difícil desvalorizar o estudo (a história contada acima é real…). Razão para deixar três perguntas: 1 - Como se reforma o SNS se não há estatísticas de confiança? 2 - Porque é que os vários ministros da Saúde não deram prioridade a esta questão? 3 - E os dirigentes do SNS não têm soluções para o problema (se calhar os lóbis têm força…)? Como é que alguns políticos, conhecendo a situação, passaram a campanha eleitoral a contar maravilhas do SNS? Independentemente da polémica e do "blame game" (em Portugal a culpa morre solteira), uma coisa é certa: um Estado que gasta cerca de 10% do PIB com a Saúde (estamos à frente de países desenvolvidos nesta matéria…) não pode ter coisas destas. 

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