Octávio Teixeira
O que essencialmente interessa em termos do novo Governo são as orientações das políticas que pretende executar.
E essas não suscitavam quaisquer dúvidas antes da formação do Governo: estão detalhadamente prescritas nos compromissos assumidos no programa de resgate assinado com a troika. E significam que o País não vai ganhar três anos à boleia dos empréstimos UE/FMI, perderá mais três anos para abrir portas à sua viabilização económica.
Mas a composição do naipe de Ministros executantes do programa suscita algumas observações. Para os ministros oficialmente afectos aos partidos do Governo a opção, do PSD e do CDS, foi a da aposta no núcleo duro das direcções partidárias. Para além disso, Passos Coelho procurou neutralizar a oposição interna convidando os seus concorrentes à presidência do PSD (um deles terá recusado). E se dúvidas houvesse quanto à natureza ultraliberal do novo Governo, elas foram eliminadas com a estrutura do executivo e com as escolhas dos ministros "independentes". A integração do Trabalho no ministério da Economia mostra que para o Governo o trabalho não tem dimensão social, devendo estar exclusivamente ao serviço da economia. A escolha para a Saúde do administrador de um banco com interesses no sector e que nele pretende alargar a sua intervenção, desnuda a pretensão governamental de desmantelar o SNS.E seria difícil escolher para as Finanças e a Economia ministros mais defensores do neoliberalismo. Numa perspectiva estritamente política, pelos seus currículos bem se pode dizer que o das Finanças será o representante do BCE no Governo e o da Economia o do FMI. E a Comissão não será esquecida pois o primeiro- -ministro, tal como Olli Rehn, quer ainda mais do que o programa consagra.
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